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Não sabemos o que somos e sim o que NÃO somos! Não somos uma organização não governamental sem fins e muito menos com fins lucrativos (ONGs); Não somos um INSTITUTO; Não somos uma INSTITUIÇÃO nem pertencemos a uma; Não somos de CONSELHOS nem representamos segmentos. Não defendemos bandeiras PARTIDÁRIAS. Sendo assim, somos ILEGÍTIMOS aos olhos dos Poderes Constituídos!

Um olhar “Inclusivo” sobre a Nona Bienal Internacional de Arquitetura de SP - Parque do Ibirapuera.



 Postado em 26.12.2011





 Por Tuca Monteiro.


"Eles" dizem: 
Arquitetura para TODOS!

Nós perguntamos: 
Quem cabe neste TODOS?


  
Dando continuidade a postagem anterior... 


Desta vez fora necessário fazer uso do automóvel para chegarmos ao Parque do Ibirapuera, pois estávamos com uma enorme cadeira de rodas e não há, até o presente momento, transporte público de fato acessível que facilite o transporte da mesma de São Caetano do Sul até o Parque: os ônibus intermunicipais não possuem plataformas elevatórias de acesso; se optássemos pelo trem, teríamos dificuldades na volta em acessar a saída da plataforma da estação da CPTM, já que o acesso se dá por extensas escadarias, e ainda teríamos que pegar um ônibus municipal, tanto na ida quanto na volta, ônibus este que, embora possua o símbolo do SIA - Símbolo Internacional de Acesso...


... não possibilita o acesso com autonomia, segurança e conforto às pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida, como demonstramos nas imagens abaixo, e cujo tempo de espera aos domingos excede os trinta minutos! 


 
É o ônibus que não esta adaptado ao ambiente ou 
o ambiente é que não está adaptado ao ônibus?
Imagens de Tuca Monteiro.

Mas... 

Suponhamos que tivéssemos à nossa disposição ônibus e trens plenamente acessíveis: mesmo assim teríamos optado pelo carro, e sabem o por quê? 

Olha a escadaria que teríamos que "desbravar" carregando uma cadeira de rodas para acessar a passarela sobre este "mar" de carros.



Acesso da passarela Ciccilio Matarazzo - Google Image.
Avenidas Pedro Álvares Cabral e Vinte Três de Maio - Google Image.

A passarela é o único acesso seguro do ponto de ônibus ao Parque do Ibirapuera! 

Chegando ao Parque, a primeira dificuldade óbvia fora achar uma vaga para estacionar o carro o mais próximo possível da Oca: estacionamento lotado, apenas as vagas de uso exclusivo da pessoa com deficiência física e da pessoa idosa estavam liberadas e, isso, devido às agentes de trânsito, que estavam multando quem estacionasse nestas vagas sem portar a credencial. Um viva! 

Rodamos muito até encontrarmos uma vaga e conseguimos a proeza devido a persistência e serenidade do @MicaZanelatto. Confesso: desisti na segunda volta! Será que é o momento de voltar para a yoga: on, on, on...

Carro estacionado e com a cadeira a postos... 

Opa! Cadê a rampa de acesso ao passeio?

Imagem de Tuca Monteiro.

Descobrimos que NÃO existe rampa próxima a estas vagas ‘acessíveis’! Será que há outras vagas sem rampas nos estacionamentos do Parque? 

Mas, e os passeios destinados ao pedestre: será que possibilitam o livre deambular a TODOS?

Observamos que não: pessoas que usam cadeiras de rodas, muletas ou andadores ou  uma pessoa cega, mesmo assistida por um cão-guia - como é o caso da @thays_martinez e seu cão Diesel  -  terão de fazer o trajeto pela via para autos. Aliás, não existe sinalização tátil nem sonora para a orientação das pessoas cegas pelo Parque e Pavilhões - somente o entorno do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) possui piso tátil guia. (Saiba sobre os pisos táteis acessando: Revitalização da rua Piauí - Pisos táteis)


Piso tátil guia no entorno do MAM. Google Image.


O passeio que nos levaria do estacionamento até o acesso a Oca possui  uma fileira de esplendorosas árvores, o que ocasionam, devido às “orlas”, o estreitamento da passagem.

Bem que poderiam alargar o passeio em um metro, sentido o viário, e incorporar a faixa com as árvores ao gramado existente! Mais área permeável para o Parque!

Imagem de Tuca Monteiro.
  
Sem rampas e sem passeios livres de barreiras, o jeito fora disputar espaço com os carros no asfalto: o que vivenciamos pelas ruas das cidades também se repete dentro de um Parque! A prioridade é do automóvel! 

Imagem de Amilcar Zanelatto.

Em frente à Oca também existem vagas de uso exclusivo para pessoas com deficiência física e rampas de acesso ao passeio... 

Imagem de Amilcar Zanelatto.

... cujo piso está irregular (sobressalente) devido às raízes da escultórica árvore, o que compromete o desempenho da cadeira de rodas...


Imagem de Amilcar Zanelatto.

Há uma rampa ao lado desta árvore. Sinceramente, se eu estivesse utilizando realmente uma cadeira de rodas, faria todo o percurso pelo asfalto até chegar ao Pavilhão. Estas rampas, do modo como o passeio e os acessos estão projetados, não têm função! É o que se denomina de falsa acessibilidade.

Qual é a lógica?

A pessoa desce do carro, sobe pela rampa para acessar o passeio, depois desce pela outra rampa para acessar, novamente, o viário, para subir outra rampa para acessar a entrada da Oca que, por sua vez, está no mesmo nível do... Passeio!


 Imagem de Amilcar Zanelatto.
Por que não optaram por elevar todo o piso em frente do acesso a Oca (o asfalto propriamente dito) ao nível do passeio, criando um acesso único para TODOS, inclusive com uma rampa suave da largura total do acesso ao invés desta rampinha segregada e íngreme?

Desse modo à árvore escultórica...

Google Image.
 
... poderia ser incorporada ao gramado do entorno do Pavilhão (!): alguns “metrinhos” a mais de área permeável para o Parque; afinal, fora uma luta conseguir criar um caminho com piso estável e não trepidante que possibilitasse à pessoa que faz uso da cadeira de rodas o acesso ao Jardim de Esculturas do MAM. O motivo: é proibido impermeabilizar o solo do Parque! Soube do ocorrido em um seminário denominado Acessibilidade em Debate (2009),  que ocorrera no Senac Campus  Santo Amaro.

Em 25 de janeiro de 1992 o Parque do Ibirapuera foi tombado pelo CONPRESP e pelo CONDEPHAAT, sendo definitivamente proibida a redução das áreas verdes em seu interior.

Sendo assim, sugiro:

Que tal trocar o asfalto do Parque por algo, digamos... permeável?

E por que não uma marquise protegendo a entrada da Oca, com área para embarque e desembarque, de modo que, em dias chuvosos uma pessoa que utilize uma cadeira de rodas possa frequentar o Pavilhão, pois teria como acessá-lo sem se molhar? Isso é pensar acessibilidade REAL: os detalhes! Obs: no projeto original do Pavilhão havia uma marquise!


 Arcoweb.

Finalizando... "Tenho cá com meus botões" que propiciar realmente o acesso a TODOS vai além do mero cumprimento de uma normatização ( Norma Técnica NBR 9050)!


Próxima e última postagem: A acessibilidade da Oca e da Bienal de Arquitetura!




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Um comentário:

  1. Amilcar Zanelatto Fernandes31 de dezembro de 2011 às 07:13

    Nessa semana vimos um carro (ônibus) da linha intermunicipal com o SÍmbolo Internacional de Acesso (SIA). Ontem embarquei em um, da Linha 008, que liga o Bairro Nova Gerty, em São Caetano do Sul, ao Terminal Sacomã, interligado ao Metrô. Há plataforma de acesso a pessoas em cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida, no veículo. Perguntei ao motorista (que também tem função de cobrador) quando os carros começaram a circular. Ele me respondeu: "nessa semana".
    A próxima vivência em São Paulo poderá ser feita utilizando-se ônibus, querida Tuca Monteiro. Se bem que não perguntei quantos carros adaptados circulam na Linha.

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